Ou poderíamos perguntar: em algum momento o Direito se afasta dessas temáticas? Trata-se de questões centrais, são pilares nos quais dependem todo debate, de modo que resulta falho se o diálogo não se inicia com algumas premissas fundamentais: historicamente, mulheres são subjugadas, pessoas negras são exterminadas e a classe social encaminha um indivíduo na sociedade, quase como um destino. Claro, em contextos como este, de um breve bate papo de Instagram, esta é a forma mais rápida e reduzida que podemos falar do assunto, mas diante de um currículo que não abarca estas questões em sua centralidade nos cursos de direito – diferentemente das grandes Universidades ao redor do mundo – , precisamos acelerar o debate, aprofundá-lo e enfrentar a interseccionalidade sem tabu, compreender suas estruturas para poder combatê-las e dentre elas protagoniza, sem dúvida, a estrutura jurídica.
Não somos, apenas, juristas. Somos juristas em um país pós colonial cuja história escravagista ergueu uma sociedade e manteve uma economia, cuja exploração da força de trabalho foi crucial para se tornar um importante farol para a américa latina e a cujas cicatrizes só caem no esquecimento daqueles que se beneficiam delas.